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Autor: Pedro Catallo; Editora: CCS; Ano: 2025; 491 pags
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de Alberto Centurião:
O teatro de Pedro Catallo segue caminhos opostos aos de sua poesia. Nele o autor descarta a visão idealizada e utiliza a cena realista para tratar das questões candentes da sociedade, tais como o amor e a moral vigente, a exploração econômica, a questão social, a família e o preconceito, a mentalidade nacionalista, a guerra e os conflitos íntimos entre ética e moralidade, responsabilidade e ambição.
A liberdade é tema recorrente em sua obra, abordada por diferentes perspectivas existenciais, de âmbito pessoal ou social. Liberdade de pensamento, liberdade política, liberdade sexual, liberdade econômica... Suas peças são sempre inspiradas no ideal anarquista, porém, longe de ser um teatro de tese, nelas o anarquismo surge como pano de fundo para os dramas humanos, ou como referência filosófica a lançar luz sobre os conflitos sociais. Os enredos tratam de pessoas reais, gente comum vivendo os dramas recorrentes da vida cotidiana. Talvez por isso suas peças tenham sofrido a ação do tempo mais do que a poesia, por tratar, por meio de situações específicas, algumas questões sociais que, transcorrido mais de meio século, estão menos aguçadas ou parcialmente superadas.
Exemplo do que dizemos é o tabu da virgindade e a liberdade da mulher, em “Uma mulher diferente”, ou a crítica ao modelo de família tradicional em “O coração é um labirinto”. É verdade que a emancipação feminina permanece na ordem do dia, e a família vem sendo reinventada e reformulada, mas a pauta das reivindicações avançou. Em “Como rola uma vida”, que integra este volume, a ação é ambientada na Europa da Segunda Grande Guerra, evocando o fantasma do fascismo e dos campos de concentração; embora ainda assombre, o fantasma de Hitler vai se diluindo na memória, substituído pelos novos deuses da guerra, do racismo e do autoritarismo, ainda e sempre presentes, sob novas máscaras. O mesmo se dá com os dramas “A Madrid” e “El precio de la libertad” (Escrito em espanhol) que tratam da revolução espanhola e a heroica resistência dos milicianos ao fascismo franquista.
Embora os diálogos por vezes pareçam demasiado formais e pouco coloquiais aos ouvidos de hoje, é preciso lembrar que se trata de característica do teatro brasileiro da época e que, avesso às inovações formais, Pedro Catallo está mais para Pedro Bloch do que para Gianfrancesco Guarnieri, afeiçoando-se aos padrões do drama tradicional. Inegável, porém, é a força dos diálogos nas cenas de maior intensidade emotiva, bem como a inteligência na construção dos enredos e conflitos íntimos, produzindo histórias para ilustrar propostas sociais, sem parecer didático ou discursivo.
(...) Transcrevemos aqui a primeira estrofe e os versos finais do “Prólogo”, da peça “O heroi e o viandante”, em que se unem a poesia e o teatro de Pedro Catallo. Versos que, décadas mais tarde, o ator (Chico) Cuberos Neto, que representara o papel, ainda declamava para os amigos.
Senhores! Perdão. Desculpem. Um só instante / Não serei enfadonho ou estafante. / Sou o prólogo. O autor me envia em confidência / Para explicar à respeitabilíssima assistência / Por que tomou por motivo, nesta representação, / A guerra, que para alguns é morte, para outros canção.
(...)
É ISTO QUE ME DISSE O AUTOR PREOCUPADO.
Sem pretensão de poeta ou escritor. Obrigado.
OBRAS DO AUTOR
1930 — COUZAS DO PARAÍSO
1934 — O HERÓI E O VIANDANTE
193x — *A MADRID
1941 — O URSINHO DE VELUDO VERDE
1945 — UMA MULHER DIFERENTE
1950 — A INSENSATA
1953 — AMOR E LUTA NA ESPANHA REVOLUCIONÁRIA
1955 — O CORAÇÃO É UM LABIRINTO
1964 — COMO ROLA UMA VIDA
s/d — QUERENDO BRIGA
s/d — ** INFÂNCIA DESCONHECIDA
*** TRADUÇÕES E ADAPTAÇÕES
OS MORTOS
NOSSOS FILHOS
A CASA DOS MILAGRES
Os textos com indicação de (*) não constam nesse volume ou se encontram parciais:
* Não foram localizados
** Estão incompletos
*** Não são autorais
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